quinta-feira, 21 de maio de 2009

Tudo Novo de Novo: a dramédia nacional


Tudo Novo de Novo, a atual aposta da Globo das noites de sexta, marca um novo período da produção de seriados no Brasil. Se antes a emissora procurava apostar suas fichas em comédias, deixando dramas como Cidade dos Homens e Antônia nas mãos de produtoras independentes, hoje ela começa a dar novo rumo às séries produzidas “em casa”. Com Tudo Novo de Novo, a emissora pretende dar uma cara nacional ao gênero hoje conhecido como “dramédia”.

A série trata das consequências da formação da “nova família”, que surgiu com o advento do divórcio. Várias casas, hoje, são formadas por famílias com filhos de pais diferentes e novos relacionamentos do pai ou da mãe. Figuras como enteados tornaram-se constantes. Clara [Julia Lemmertz] tem dois filhos, um de cada pai, e lida de maneira diferente com cada um de seus ex-maridos. Ela namora Miguel [Marco Ricca], um homem que “carrega” uma filha pré-adolescente e uma ex-mulher complicada. Tudo Novo de Novo explora como este novo casal lida com as diferentes situações que surgem quando decidem unir os seus “pacotes”.

Tudo Novo de Novo dá um importante passo rumo à produção de novos gêneros em seriados nacionais. Ainda sem tradição no filão, a televisão brasileira acostumou-se à narrativa esquemática das telenovelas, por vezes brincando de fazer seriados através de programas humorísticos. A própria Globo, emissora que mais produz seriados no Brasil, prefere caminhar pela estrada da comédia, terreno onde já emplacou Os Normais [talvez a mais bem-sucedida sitcom nacional], Minha Nada Mole Vida e A Diarista. As atuais Toma Lá Dá Cá e A Grande Família são prova de que a emissora ainda se sente mais à vontade fazendo rir.
No entanto, o fraco desempenho de suas apostas no ano passado [Casos e Acasos, Faça Sua História e Dicas de um Sedutor] fez a Globo acordar para novas possibilidades. O sucesso das policiais A Lei e o Crime, da Record, e 9MM, da Fox, abriu caminho para a volta das produções policiais, vide Força Tarefa. Tudo Novo de Novo é a volta do drama semanal, abandonado pela emissora desde Mulher, de 1998.

A televisão norte-americana conseguiu, através da dramédia, atingir alto grau de maturidade em suas séries. Tudo Novo de Novo, mal comparando, seria nosso similar à produções como Brothers and Sisters, que explora as relações familiares comuns à maioria dos telespectadores através de situações dramáticas e cômicas na mesma proporção. “Cômico”, aqui, não no sentido do riso fácil, mas da graça provocada pela identificação. Com um pezinho no dramalhão, mas envolto num ambiente verossímil. Assim como é fácil encontrar alguém na vida real cuja relação com a mãe é bem parecida com a de um dos filhos de Nora Walker [Sally Field] com ela, também não é difícil encontrar famílias na mesma situação que a de Clara e Miguel.

Tudo Novo de Novo peca pelo excesso de elementos folhetinescos, que não permitem um aprofundamento maior das personalidades dos protagonistas. Clara e Miguel são um casal de meia idade, experientes e de bom caráter, que buscam nova chance no amor. E só. Mas é o primeiro passo na construção de uma nova linha nacional de teledramaturgia, permitindo explorar novos segmentos tanto de temática quanto de público-alvo. Numa televisão carente de variedades, nada mais oportuno.

Nenhum comentário: