Havia torcido o nariz ao tomar conhecimento da premissa da nova série de Ryan Murphy: professor idealista luta para reerguer um coral capenga de colégio e, assim, vencer um campeonato de corais. Uma mistura de “Mudança de Hábito 2” com “High School Musical” não poderia ser criação da “mente doentia” por trás de “Nip/Tuck”. Mas é! E, como não poderia deixar de ser, é muito bom! “Glee” é uma grata surpresa! Nunca mais vou subestimar Ryan Murphy...
A nova série teve pré-estreia no Brasil pela Fox no último domingo, dia 13. E o episódio-piloto de “Glee” conseguiu conquistar e deixar aquele gostinho de quero mais. Foi uma hora que voou, tamanha a capacidade da série de prender a atenção. Apesar da premissa aparentemente batida, Murphy continua usando mão daquilo que faz de melhor: seu cinismo. Os protagonistas de “Glee” são os famosos losers, perdedores que estão sempre abaixo da hierarquia colegial americana. Eles são constantemente zoados, jogados na lata do lixo e levando suco na cara. Mas querem brilhar!
Sobretudo a protagonista, Rachel. É ela quem toma suco na cara, mas isso não a impede de sonhar se tornar uma estrela. Seu passatempo favorito é postar vídeos em que ela aparece cantando no MySpace. E claro que esse é mais um motivo de chacota entre os colegas de escola. Mas ela, que é filha de um casal gay, dribla a implicância das líderes de torcida e agarra com vontade a oportunidade de fazer parte do coral.
O coral, na verdade, é um glee, como são chamados aqueles corais que cantam e dançam nos EUA. Will Schuester, o professor de espanhol do McKinley High School, foi integrante do glee do colégio em seus tempos de estudante e sonha com a volta aos áureos tempos. Mas ele encontra resistência da direção do colégio ao retomar o glee, e terá que praticamente pagar para trabalhar, para desespero de sua mulher. Ao lado da professora Emma, que tem transtorno obsessivo-compulsivo, ele reúne um novo time para o glee, que inclui um nerd cadeirante e uma garota que se acha a diva da música americana. A novidade é a estrela do time de futebol do colégio (ou seja, da alta hierarquia colegial), que se junta ao glee graças a uma pequena “chantagem” de Will.
A partir daí, a acidez de Ryan Murphy, que caracterizou seus shows “Nip/Tuck” e “Popular”, surge com força total, impressa em diálogos e situações de puro humor negro. Além disso, outro trunfo de “Glee” são justamente os seus números musicais. O espectador acompanha os ensaios do glee ouvindo clássicos atemporais da música, além de versões de hit modernos, como “Rehab”, de Amy Winehouse. É delicioso! O glee, agora, pretende vencer um concurso de glees. Será que eles conseguem?
“Glee” também teve uma pré-estreia nos EUA no primeiro semestre e, pelo barulho causado, é bem provável que estejamos diante de um novo hit televisivo. A temporada propriamente dita estreou na semana passada por lá. Por aqui, ainda vamos esperar mais um pouquinho. A Fox promete lançá-la em 4 de novembro. Vem coisa boa por aí!
Séries em Série é a coluna assinada por este jornalista, publicada todas as terças-feiras no portal Tele História (http://www.telehistoria.com.br/).
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