Assisti na manhã de ontem a estreia da microssérie infanto-juvenil ,“Ger@l.com” nova aposta para as manhãs da Globo. Minha sensação: a TV brasileira está numa sinuca de bico. Não é fácil agradar o público pré-adolescente. E acho que não vai ser desta vez que vai dar certo.
Pré-adolescente é um público muito difícil, pois já tem a pré-disposição de rejeitar tudo logo de cara. Não gosta de programas infantis, porque "não é mais criança". Ainda não tem maturidade o suficiente para absorver atrações mais adultas. E programas voltados a sua faixa de idade tem a tendência a tratá-lo como idiota. Difícil.
A própria Globo mirou neste público com "Bambuluá". A novelinha abandonou o humor e a fantasia de "Caça-Talentos", outra novela infantil, mas essa bem-sucedida, para apostar em aventura e uma certa dose de violência. Mesmo assim, os elementos fantásticos não caíram no gosto dos jovens. E as crianças não entenderam muito bem a trama. Resultado: baixa audiência. Na Cultura, foi feita uma evolução das séries educativas "Rá-Tim-Bum". A "Ilha Rá-Tim-Bum" era voltada aos mesmos pré-adolescentes, com menos didatismo e uma trama mais obscura, também com uma certa dose de violência (totalmente dentro dos limites, bem entendido) e toques de ecologia. Mais uma vez, os pré-adolescentes rejeitaram. Afinal, tinha um vilão mascarado e bonecos de fantoche. Ou seja, é infantil. O público-alvo, provavelmente, não viu e não gostou. Não sabe o que perdeu. "Ilha Rá-Tim-Bum" tinha um ótimo roteiro e uma trilha sonora fantástica!
Sabendo da rejeição deste público com elementos fantasiosos demais, “Ger@l.com” vai na contramão. Há sonhos, mas nada fantástico. Gírias, uma banda formada por jovens, bastante elementos de interação, linguagem de videoclipe... Será que a molecada de hoje gosta é disso? Se sim, e correndo o risco de parecer saudosista, acho uma pena.
No entanto, sabemos que essa molecada está mais conectada do que nunca. Portanto, a interação internet/TV seria o grande acerto. Seria, mas não é. Essa interação ocorre de maneira tímida, sem explorar de fato todas as ferramentas da web 2.0. Isso porque a Globo (e as emissoras brasileiras no geral) ainda temem a perda de público para a rede. Pois é isso mesmo que colabora com o fato, já que, para o público jovem, a internet vem oferecendo mais atrações que a TV. Enquanto esse medo das emissoras não acabar, a fuga continuará acontecendo. E depois querem emplacar a TV digital... Assim fica difícil...
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