Exatamente há um ano, estreavam na TV aberta do Brasil dois grandes sucessos internacionais: “Ugly Betty” e “Grey’s Anatomy”. Dois programas de nome estranho (preguiça de traduzir?) que chegaram para substituir a linha de shows do SBT, que passava para a faixa das 20 horas com o título “SBT Show”. Parece que foi ontem, mas um ano se passou. Bastante tempo, se levarmos em consideração o histórico de grade flutuante que caracterizou a emissora desde sua inauguração.
Pois as mesmas séries que estrearam há um ano com a missão de tapar buraco na programação, mas também atrair um público mais jovem ao SBT, agora saem de cena do horário nobre. Em seu lugar, volta a linha de shows da emissora, deixando o “SBT Show” apenas para realities e games. “Ugly Betty” será substituída por “Show do Milhão”. “Grey’s Anatomy” dá espaço para “A Praça É Nossa”. As séries foram realocadas para a madrugada, nos mesmos dias, mas depois do “Jornal do SBT”.
Duas análises são possíveis nessa situação. A primeira é, como sempre, a desconsideração da emissora para com o público que ela mesma acostumou a acompanhar seriados neste horário. Enlatados no horário nobre foram atração do SBT por anos, mas já fazia um bom tempo que a rede não trazia nada de novo, deixando os programas nas madrugadas e nas tardes dos finais de semana. Voltou com duas atrações de peso: “Ugly Betty” é a adaptação americana de “Betty, a Feia”, uma fórmula já testada e aprovada que sempre encontra público cativo; “Grey’s Anatomy” mistura drama, comédia e elementos de dramalhão (uma “novela americana”, nas palavras do SBT), e é um dos mais famosos dramas médicos da atualidade. Os dois programas não decepcionaram e marcaram bons índices de audiência desde a estreia. Assim, um ano é tempo suficiente para formar uma audiência fiel. Mudar os programas de horário não é melhor maneira de tratar esta audiência, muito menos se o tal novo horário for a madrugada. Quem precisa acordar cedo está perdido.
Porém, uma outra análise é possível, embora soe até como contraditória. A mudança de horário foi uma maneira que a emissora encontrou de respeitar este público. Afinal, seria mais fácil tirar do ar logo e o problema estava resolvido. Mas a emissora optou por respeitar aqueles que acompanhavam as temporadas inéditas dos dois programas (que foram anunciadas com pompa em maio) e as manterá no ar, mesmo que o horário seja um tanto ingrato. Uma nobre visão, se levarmos em conta que, em tempos não muito distantes, o SBT tinha como hábito limar qualquer produto da grade que estivesse “sobrando”, sem dó nem piedade. Ou alguém aí viu “Tal Mãe, Tal Filha” (“Gilmore Girls”) até o final na TV aberta? Exemplos não faltam.
É, não adianta espernear. O melhor agora é sentar no sofá e relaxar se divertindo com os erros primários dos universitários que auxiliam os participantes do “Show do Milhão” e encontrar um novo jeito de acompanhar as suas séries. Acionar o vídeo cassete ou esperar até 1h15 da manhã para assistir “Ugly Betty” e “Grey’s Anatomy” são duas opções para quem se recusa a abandoná-las. O problema da segunda opção é que ela pode causar sonolência generalizada no dia seguinte.
Séries em Série é a coluna assinada por este jornalista, publicada todas as terças-feiras no portal Tele História (http://www.telehistoria.com.br/).
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