quarta-feira, 22 de julho de 2009

Um bom dramalhão


A TV aberta oferece boas séries à audiência. Tá, a maioria está escondida na madrugada, na melhor programação para vigias noturnos e porteiros (utilizando as palavras de Paulo Gustavo Pereira, da revista Sci-Fi News), mas é melhor do que nada. Mas alguns títulos, estranhamente, ainda não chegaram ao grande público. Digo estranhamente porque acredito que alguns deles comseguiriam atrair uma considerável audiência.

O melhor exemplo é "Brothers & Sisters". Um típico dramalhão, já na terceira temporada, ainda inédito na TV aberta. Por que será? Tem tudo o que o público da TV aberta gosta: conflitos familiares, crises conjugais, personagens simpáticos, irônicos e com grandes problemas... Ou seja, um folhetim. Um delicioso folhetim. A família Walker, com todos os seus problemas e crises, são, acima de tudo, uma família, que se ama e se respeita. Seus conflitos são universais: em maior ou menor grau, a convivência familiar é mesmo daquele jeito. Ainda mais quando é uma grande família, com cinco irmãos, um diferente do outro. Seis, se contarmos a filha bastarda.

"Brothers & Sisters" conta a história da família Walker, cujo patricarca, William, morre no primeiro episódio. A partir daí, alguns fatos da vida dele vêm a tona, sobretudo o caso que ele manteve por anos com Holly. Começa um interessante conflito entre Nora, a matriarca, e Holly, a amante. Os cinco irmãos, Tommy, Kitty, Sarah, Justin e Kevin, ao lado da mãe, vivem todo tipo de situação familiar. Nora é vivida por Sally Field, que vive seu momento "Regina Duarte" na TV, como bem comparou a colunista do Estadão Etienne Jacintho. É para rir, chorar e se emocionar!

Para se ter uma ideia de quão folhetim é "Brothers & Sisters", basta observar que a série, provavelmente, inspirou Aguinaldo Silva, o autor de "Duas Caras". O conflito entre Nora e Holly é extremamente semelhante ao de Branca (Suzana Vieira) e Célia Mara (Renata Sorrah). Assim como Nora, Branca descobriu que o marido tinha uma "amante fixa" depois da morte deste. Depois, as duas passam a disputar um espaço no "negócio da família" (no caso de "Duas Caras", uma faculdade; em "Brothers & Sisters", uma empresa do ramo alimentício) e até voltam a disputar o mesmo homem. Uma cena em que Nora e Holly brigam, no antepenúltimo episódio da primeira temporada, é bem parecida com a cena final entre Branca e Célia Mara. As duas saem no tapa, sendo que, na versão "Nora & Holly", ainda temos direito a uma guerra de comida no melhor estilo pastelão. Já na versão "Branca & Célia Mara" não há comida, já que a briga foi num escritório da faculdade, mas o desfecho é o mesmo: as duas percebem o papel ridículo que estão fazendo e começam a gargalhar.

Na época da novela, o colunista Daniel Castro, da Folha, chegou a apontar as semelhança entre "Brothers & Sisters" e "Duas Caras", mas Aguinaldo Silva negou qualquer "inspiração". Pode ser que realmente ela não exista, já que conflitos entre esposa e amante não foram inventados por nenhuma das duas produções. Porém, a cena da briga descrita acima é realmente muito semelhante. Quem viu as duas, com certeza teve a mesma sensação de "já ter visto aquilo em algum lugar". Sem problemas, as duas cenas foram ótimas!

Sendo assim, espero que alguma emissora aberta resolva logo trazer "Brothers & Sisters" para a TV aberta. Se você gosta de novela, vai gostar bastante da história dos Walker.

TV Aberta em Série: Publicada toda quarta-feira.

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