Num hospital, uma equipe de médicos dedicada convive diariamente com os dramas que envolvem seus pacientes e suas doenças, enquanto enfrentam seus problemas pessoais. Esse pequeno resumo se encaixa bem em várias séries de TV cujo cenário é o hospital, os conhecidos dramas hospitalares. Com o final de "ER", um dos mais famosos destes dramas de todos os tempos, o que não faltam são novas produções dispostas a preencher essa lacuna. Entre elas está "Three Rivers", drama que estreia ainda neste mês no Brasil pelo Universal Channel.
"Three Rivers" vai disputar a atenção com "House" e "Grey’s Anatomy", as mais queridas produções do gênero na atualidade. No entanto, a série se difere da primeira ao não ter um protagonista tão marcante, e da segunda ao fugir da linguagem de novela que caracteriza o cotidiano de Meredith e cia. Porém, não foge da velha fórmula de trazer uma equipe médica formada por médicos e enfermeiros com diferentes personalidades, o que já gera o conflito interno do drama. Também se baseia no caso da semana, porém com o foco mais bem definido: a doação de órgãos.
A série se passa num hospital especializado em transplantes de órgãos. Assim, é palco de questões éticas e familiares que envolvem o tema, buscando desmistificar assuntos como a diferenciação entre morte cerebral e coma. No primeiro episódio, uma paciente que precisa de um novo coração com urgência corre o risco de ter suas funções cerebrais comprometidas quando a família do doador começa a querer voltar atrás na decisão. Como na maioria dos dramas hospitalares, os procedimentos vão sendo descritos pelos personagens, cumprindo uma espécie de função didática, mas sem ser chato. Exatamente pela preocupação na abordagem do tema, "Three Rivers" foi premiada, antes mesmo da estreia, pela Donate Life Hollywood, associação ligada à doação de órgãos e tecidos dos Estados Unidos e homenageada no Donate Life Film Festival.
No entanto, a temática, que pode ser de grande utilidade e prestação de serviço, pode ser também um ponto fraco da narrativa de "Three Rivers". Em tempos de programas politicamente incorretos e personagens controversos, como "House", "Dexter" ou "Nurse Jackie", "Three Rivers" acaba caindo em clichês e situações previsíveis. Talvez por isso, o drama não tem ido bem em audiência na TV americana, o que já começa a gerar boatos de cancelamento. A seu favor, a série tem a maneira com que o episódio se desenrola, mostrando uma corrida contra o tempo na realização dos transplantes. Destaque para os estudos de caso, onde os médicos aparecem manipulando equipamentos dignos de Tom Cruise em Minority Report.
"Three Rivers" foi criada por Carol Barbee, de Jericho, para ser protagonizada por Alex O’Loughlin. O ator fez muito sucesso ao estrelar "Moonlight", onde vivia o detetive vampiro Mick St Jones. Com o cancelamento desta, a CBS percebeu o apelo do moço junto ao público e tratou de trazê-lo de volta como estrela de um novo drama. Agora, ele é o Dr. Andy Yablonski, um renomado cirurgião que chefia a equipe de transplantes do hospital. Na equipe, estão Dr. Miranda Foster [Katherine Moennig], uma mulher que tenta se livrar do fardo de ser filha de um importante médico; Dr. David Lee [Daniel Henney], residente que se preocupa com o lado emocional dos envolvidos no processo do transplante; Ryan Abbott [Christopher J. Hanke], o novo coordenador que se esforça para aprender o novo ofício; a enfermeira Pam Acosta [Justina Machado], assistente e melhor amiga do Dr. Andy; e Dr. Sophia Jordan [Alfre Woodard], a chefe de cirurgia que precisa manter todos da equipe na linha.
"Three Rivers" tem estreia no Brasil marcada para 28 de outubro, quarta-feira, às 23 horas no Universal Channel. O canal informa que a série chega ao país com apenas 24 dias de diferença em relação à TV americana.
Matéria publicada originalmente na Revista Paradoxo (www.revistaparadoxo.com), em 14 de outubro de 2009.