As séries como alternativa às novelas

Deu certo a nova estratégia de programação do SBT de exibir séries diariamente no horário nobre. Bom, pelo menos a primeira atração. “Harper’s Island: O Mistério da Ilha” não decepcionou e atingiu bons índices de audiência, chegando a marcar dois dígitos na audiência nos episódios finais, algo raro de se ver no SBT neste horário.

A escolha do primeiro programa foi acertada. “Harper’s Island” é uma série fechada de treze episódios, ou seja, tem o efeito de uma minissérie para o público. Além disso, é uma trama de suspense, que propõe ao espectador a caça a um assassino. Fórmula que dificilmente passa em branco quando bem feita, pois permite uma espécie de interação entre a audiência e o seriado, transformando-o num assunto recorrente entre os espectadores e, assim, ganha a poderosa divulgação boca-a-boca.

A série usou fórmulas clichês deste tipo de suspense. Apresentou vários personagens, dando a cada um deles facetas diversas e transformando-os, por alguns momentos, em suspeitos em potencial para depois descartá-los, de preferência com suas mortes. Quando um grupo de amigos vai à uma ilha celebrar um casamento, suspeita-se de todos, menos do noivo. Assim, o final de “Harper’s Island”, com a revelação de que Henry era o cúmplice de John Wakefield, garantiu um desfecho surpreendente e até convincente, coisa que os últimos mistérios de novelas (os famosos “quem matou?”) não conseguiram fazer.

Porém, o SBT errou feio ao exibir uma cena-chave da série dentro do “Programa do Ratinho”, com o intuito de divulgar o penúltimo episódio. O vespertino mostrou justamente a cena final, quando Henry, o noivo, mata a própria noiva e chama o assassino John Wakefield de pai. Ou seja, revelou à tarde uma informação que só seria revelada no finalzinho do episódio a ser exibido naquela noite. Estragou a surpresa de vários telespectadores. Bola fora!

“Harper’s Island”, graças à popular trama de suspense, conseguiu formar um público para os seriados que o SBT pretende exibir. “Sobrenatural”, o substituto, estreou registrando índices satisfatórios. Porém, fica a dúvida se o telespectador brasileiro se acostumará a essa maneira diferente de se exibir seriados (afinal, séries foram feitas para a exibição semanal), ou se a atual faixa acabará sumindo, como aconteceu com todas as tentativas anteriores.

Séries em Série é a coluna assinada por este jornalista, publicada todas as terças-feiras no portal Tele História (http://www.telehistoria.com.br/).