Na semana passada, comentei aqui neste espaço sobre as surpresas que a TV aberta sempre “oferece”, como a estreia inesperada da nova temporada de “Todo Mundo Odeia o Chris”, na Record. Outra surpresa foi a estreia de “Arnold”, a “nova velha” sitcom do SBT que, na semana passada, ampliou seu espaço na grade ao substituir a segunda exibição de “Cory na Casa Branca” na faixa noturna.
“Arnold” já deu as caras por aqui na Nickelodeon, com o nome “Minha Família É uma Bagunça”, e é uma sitcom interessante. Produzida entre o final dos anos 1970 até meados dos anos 1980, a série tem como pano de fundo uma forte crítica social e ideológica, mas com a graça de uma atração tipicamente familiar.
No enredo, o pequeno Arnold e seu irmão Willis perdem a mãe e são adotados pelo ex-patrão dela, um viúvo milionário chamado Phillip Drummond. O homem é extremamente bondoso e atencioso com as crianças, que viviam num bairro pobre e cercado pela violência. A dicotomia se dá através da questão racial: o senhor Drummond é um milionário branco que adota duas crianças negras. Esta diferença dá o mote da série e é explorada em boa parte dos episódios. Até a mãe do senhor Drummond apareceu num dos episódios e não escondeu que ficou chocada ao descobrir que seu filho tinha se tornado pai de duas crianças negras.
Arnold é a estrela da série. O pequeno faz rir com suas tiradas espontâneas e inteligentes. Porém, a história de seu intérprete é triste. Gary Coleman, o ator, teve uma disfunção renal que o impossibilitou de crescer e, assim, manteve-se com a aparência de um garoto de oito anos ao longo da série. Ao fim da série, o ator fez pequenas participações em outros programas e filmes, mas foi sendo esquecido e chegou até a tentar o suicídio e ser preso depois de esmurrar uma fã. Gary apareceu num episódio de “Eu, a Patroa e as Crianças”, como o noivo da Kady num sonho e, depois, como um entregador de pizza. Ele está com 41 anos hoje.
“Arnold” estreou no SBT na faixa das 13h15, substituindo “Um Maluco no Pedaço”, outra sitcom que ficou famosa por usar a comédia como forma de criticar o preconceito e as diferenças sociais. Na trama, Will Smith é o sobrinho da Filadélfia que vai morar na casa dos tios ricos. “Um Maluco” trouxe episódios memoráveis com críticas contundentes ao racismo. Há quem diga que a série herdou o mote social de outra sitcom famosa, “The Cosby Show”, de Bill Cosby, grande sucesso dos anos 1980.
E “Arnold” (que no original se chama “Diff’rent Strokes”) veio antes de todas essas. E a “sessão nostalgia” promovida pelo SBT é uma chance de se ver e constatar que um roteiro bem feito pode manter-se atual, mesmo com um humor mais “ingênuo” e imagem envelhecida.
Séries em Série é a coluna assinada por este jornalista, publicada todas as terças no portal Tele História (http://www.telehistoria.com.br/).
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