terça-feira, 25 de agosto de 2009

Canceladas precocemente


A audiência da TV americana é uma caixinha de surpresas. Com a tonelada de pilotos e novas séries produzidas todos os anos, fica muito difícil adivinhar o que cairá e o que não cairá nas graças do público. Assim, vários programas que aparentavam condições de vida longa podem decepcionar na audiência e acabam por serem limados, sem dó nem piedade, da programação. E alguns terminam deixando a sensação de que foram cancelados precocemente.

Duas séries que se encaixam nessa categoria são “Pushing Daisies” e “Dirty Sexy Money”, cujos cancelamentos já foram chorados nesta coluna. A primeira, uma bela fábula de vida e morte, e a segunda, uma comédia dramática absolutamente divertida, foram banidas da TV na segunda temporada. Com certeza, Ned, o “fazedor de tortas”, e a família Darling tinham mais a dizer. Mas se despediram abruptamente.

O mesmo vale para “Studio 60 on the Sunset Strip”. O drama, do mesmo criador de “The West Wing”, mostrava os bastidores de um programa de humor semanal da TV estadunidense. Artistas com ego gigante, as dificuldades da produção, a busca pelo melhor roteiro e o conflito entre interesses artísticos, políticos e empresariais davam o tom deste drama protagonizado por Matthew Perry e Amanda Peet. O roteiro era bastante ágil e inteligente, caracterizado pelos diálogos rápidos e cheios de ironia. Divertido e sério ao mesmo tempo. Mas teve uma única (e maravilhosa) temporada. Merecia mais.

“Studio 60” tinha uma forte “pegada” política, assim como “Jack & Bobby”. Este era um drama com todos os elementos de teen drama, mas era muito maior do que isso. A série contava a história dos irmãos Jack e Bobby – o primeiro, um adolescente responsável na fase da descoberta do amor; o segundo, um pré-adolescente nerd e cheio de dúvidas – a partir do ponto de vista de que Bobby, no futuro, se tornaria o presidente dos EUA. Assim, as tramas dos episódios eram permeadas por depoimentos de futuros integrantes do governo de Robert McCalistter (o Bobby), fazendo um paralelo sobre sua vida passada e suas convicções que influirão diretamente em seu futuro governo. Um belo drama caracterizado pela emocionante relação dos irmãos com a mãe, Grace, professora democrata liberal que ainda não se livrou do vício em maconha (numa interpretação espetacular de Christine Lahti). Uma única temporada e a mesma sensação de que merecia mais.

E os vampiros voltaram à moda com “True Blood” na TV e “Crepúsculo” no cinema. A série “Vampire Diaries”, que estreia em setembro nos EUA, confirma a tendência. Neste contexto, “Moonlight” faz falta. A saga do vampiro detetive Mick St Jones era extremamente charmosa, com roteiro linear e a atmosfera noir que caracterizava os episódios. Ao mesmo tempo em que Mick resolvia, a cada semana, um novo crime, desenrolava-se sua paixão pela repórter Beth Turner. Mas também foi cancelada com uma única e incrível temporada.

E vários outros programas poderiam entrar nessa lista de cancelamentos precoces, como “Dirt” e “Dead Like Me”. Mas é a realidade da TV que precisa de audiência para sobreviver.

Séries em Série é a coluna assinada por este jornalista, publicada todas as terças-feiras no portal Tele História (http://www.telehistoria.com.br/).

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