O ator e roteirista Miguel Falabella já andou declarando por aí que pretende encerrar a sitcom "Toma Lá Dá Cá" em 2009. Disse que pretende concluir a série "no auge". E é com dor no coração que eu devo concordar com ele: "Toma Lá Dá Cá" não deve continuar.
A qualidade do seriado caiu muito em 2009. É visivel, para quem acompanhou "Toma Lá Dá Cá" desde o episódio-piloto, exibido em 2005, como a série tomou um rumo estranho. O piloto foi extremamente criativo e divertido, ainda com Débora Bloch como Rita. Mas uma temporada completa só surgiu quase dois anos depois, no segundo semestre de 2007. Inicialmente cotada para as noites de domingo, a série acabou surpreendida pelo fim repentino de "A Diarista" e assumiu as noites de terça. Foi um começo complicado, pois eram muitas as comparações com "Sai de Baixo", sucesso de humor popular das noites de domingo da Globo. O formato era realmente parecido. Mas, na prática, as séries têm mais diferenças que semelhanças. Mas a presença de Miguel Falabella e Marisa Orth, que assumiu a personagem Rita, só reforçava essas comparações.
A primeira temporada tateava em busca do ideal do tom de cada personagem. Por isso, foi instável. Ótimos episódios se revezavam com outros não tão bons. Nessa fase, o grande destaque foi, sem dúvidas, a empregada Bozena (vivida magistralmente pela atriz Alessandra Maestrini), que divertia com seu sotaque carregado e suas histórias de Pato Branco, quase sempre sem um final. Fernanda Souza assumiu a personagem Isadora e também foi bem sucedida. E a chegada de Copélia (Arlete Salles) e dona Álvara (Stella Miranda) aumentaram o tom nonsense do texto. Álvara, aliás, sem querer, deu margem ao que seria o grande trunfo da temporada seguinte: Ladir, seu marido constantemente citado, mas que nunca aparecia. Só se sabia que o cara era extremamente afetado e vivia em meios aos boatos quanto à masculinidade.
Na segunda temporada, Ladir tomou corpo com a entrada de Ítalo Rossi no elenco. Poucas vezes se viu um personagem tão querido, mesmo com poucas falas e função quase nenhuma na maioria dos episódios. Como se diz, não existe personagem pequeno para um grande ator, e essa máxima se aplica com perfeição aqui. O ator construiu um personagem hilário, que divertia com seu figurino inusitado e seu bordão "é mara!". O elenco cresceu com a entrada de Norma Bengell como Deise Coturno, outro tipo hilário. E os personagens foram reforçando suas personalidades. E se tornando cada vez menos "bonzinhos" e mais "mau caráter".
Talvez esse tenha sido o erro que não permitiu que a temporada 2009 decolasse. Os personagens reforçaram tanto seus lados gananciosos que agora todos são tão "mau caráter" quanto a Isadora, a menina do "olho junto". Caiu no exagero. Isadora, aliás, foi emburrecendo. Desnecessário. Aconteceu com ela o mesmo que com a Magda, do "Sai de Baixo", que começou a série ingênua e tolinha e terminou como uma "ameba descerebrada". Ítalo Rossi, infelizmente, deixou o elenco e Ladir faz falta. Miguel Magno entrou, como a doutora Percy mas, salvo alguns episódios, a personagem não conseguiu uma boa integração com a série. Mesmo assim, teve bons momentos que marcaram a passagem de Magno pela atração. O ator, infelizmente, faleceu na semana passada.
Agora a superpopulação do Jambalaya, Mário Jorge (Falabella), Celinha (Adriana Esteves), Arnaldo (Diogo Vilela), Rita, Isadora, Tatalo (George Sauma), Adonis (Daniel Torres), Copélia, Álvara e Deise seguem envolvidos em trambiques atrás de trambiques em episódios que arrancam poucas gargalhadas. Infelizmente, "Toma Lá Dá Cá" caminha para o fim.
TV Aberta em série: publicada toda quarta-feira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário